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A entrada na segunda metade da vida - METANÓIA

  • camilavitule1
  • 17 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de mai. de 2021

Carl Gustav Jung (1875-1961), fundador da Psicologia Analítica, divide a vida em duas fases: na primeira, a energia psíquica é voltada principalmente para o mundo externo e para as realizações neste campo, como a construção de relacionamentos amorosos ou de amizade, estruturação de carreira, constituição de família, busca de realização financeira, entre outros. Na segunda fase, o mundo interno passa a ter maior importância, havendo maior contato com o inconsciente; com conteúdos reprimidos ou negligenciados no passado, de forma a serem elaborados e integrados pela consciência.

Metanóia é o nome dado por Jung para a entrada nessa segunda fase, que ocorre na metade da vida. Na contemporaneidade, corresponde ao período entre os 40 e 60 anos. A palavra Metanoia vem do grego e significa mudança de pensamento, indicando uma nova maneira de se viver. Jung usa-se da metáfora do caminho percorrido pelo sol em um dia para exemplificar o fenômeno.

O sol nasce e se dirige ao meio do céu. A partir do momento em que o alcança, passa a descer e a intensidade de sua luz vai ficando mais fraca, até que ele se põe no horizonte. Nesta imagem, o nascimento do sol e o momento em que se põe simbolizam o nascer e o morrer do ser humano e a trajetória desenhada por ele, com sua subida e descida, o próprio percurso da vida. Em oposição à subida, quando o sol vai ficando mais brilhante e forte, fase relacionada à juventude, na descida, a luz do sol vai perdendo força e a morte se torna mais próxima, sendo esta etapa relacionada ao envelhecimento.

Nessa segunda fase, percebe-se o desgaste do corpo e declínio das potencialidades físicas. A ideia de finitude, por conta de uma maior proximidade da morte, também se torna mais presente. Tal entrada faz com que o sujeito olhe mais para si, reavaliando os acontecimentos, conquistas e fracassos da primeira metade da vida. Este movimento pode trazer angústias, medos, desinteresse pela vida, insatisfação e desilusão, impondo conflitos ao sujeito. Os conflitos podem causar quadros de depressão e de ansiedade, como por outro lado, também podem possibilitar desenvolvimento, transformação de identidade e busca de novos sentidos, dependendo da maneira com a qual se lida com eles. Nesta perspectiva, o reconhecimento de forças e fraquezas pode ser muito proveitoso, conduzindo à aceitação de si mesmo e da própria história.

A metanoia apresenta-se, assim, como um momento de novas conquistas, mudanças de valores e atitudes, havendo rearranjo de todos os aspectos da vida, conformando um momento de reformulação do modo de se viver.




 
 
 

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