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O Medo da Separação

  • camilavitule1
  • 17 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de mai. de 2021

A partir das vivências de separação, que se iniciam muito cedo e que permeiam toda a vida da pessoa, surge o medo de que uma nova separação venha a acontecer novamente e com ela o medo de se experenciar uma nova perda. Tais medos dialogam diretamente com um componente que nos é estrutural: a falta. O medo da separação está intimamente relacionado ao sentimento de falta. Quando se tem medo de perder, entra-se em contato com o que não se tem. Passamos a vivenciar, desta maneira, a nossa própria falta mediante o medo de faltar-nos algo.

Possuímos um vazio estrutural que nos impele a buscar coisas que nos preencham na vida, o qual é responsável por nos faz desejar. Carotenuto afirma que “Somos interiormente estimulados à busca daquilo que somos carentes” (1994, p. 54). É este buscar que dá sentido à própria vida; a tentativa de nos preenchermos. Nossa personalidade se desenvolve por meio do impulso a buscar o que nos falta, em busca da totalidade. Esta falta estrutural, acaba por ser o fundamento do desejo, da busca das coisas do mundo.

A experiência do amor parece preencher tal vazio, pois ela é constituída do desejo de uma pessoa pela outra. Contudo, como sempre há a possibilidade de se perder a pessoa amada, a promessa de completude do encontro amoroso implica necessariamente num risco de fracasso, risco com o qual temos que lidar. É necessário coragem para esta empreitada, entretanto, segundo Carotenuto (1994), a aceitação da falta também é traço estrutural de nossas personalidades, tendo nós como destino a tarefa de aprender a suportar a ideia de que podemos perder a pessoa que está ao nosso lado, como também suportar a própria perda. Esta empreitada causa sofrimento, pois quanto mais intenso o laço com a pessoa amada, mais é vivenciado o medo da perda, mas é possível trabalhar a aceitação da separação e criar novos sentidos de vida após tal separação.

Querermos estar juntos com a pessoa amada e temos medo da separação, pois, dentro da relação amorosa, perder aquele que se ama significa perder a si, pois quando amamos é como se sentíssemos que nós e a pessoa amada fôssemos um só. Mesmo tendo esse sentimento, é a distância psíquica entre o eu e o outro e não uma vivência de simbiose que permite o estar junto; ou seja, é o ser solitário de cada um, regado de sua subjetividade específica que permite que o encontro se mantenha. Neste sentido, a aceitação da alteridade é fundamental.

CAROTENUTO, Aldo. Eros e Pathos: Amor e Sofrimento (1994). São Paulo: Paulus, 2005.

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